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Saúde bucal: manifestações bucais das infecções sexualmente transmissíveis.

As infecções sexualmente transmissíveis (IST), anteriormente chamadas doenças sexualmente transmissíveis (DST), envolvem uma série de patologias provocadas por vírus, bactérias e outros micro-organismos.

Como quase todas as doenças sistêmicas, as ISTs apresentam manifestações bucais e faciais, que podem ser os primeiros sinais da doença e dão ao cirurgião-dentista a oportunidade de identificá-las, e encaminhá-las para que sejam feitos o diagnóstico precoce e o tratamento.

É importante que o cirurgião-dentista esteja atento aos sinais apresentados pelas ISTs, saiba identificá-los e seguir as orientações e encaminhamentos dos pacientes infectados.

Neste artigo apresentamos as principais ISTs, suas manifestações bucais e como dar seguimento ao tratamento.

Boa leitura!

  1. Contexto da IST no Brasil
  2. Principais ISTs com manifestações bucais
  3. Prevenção, diagnóstico e tratamento
  4. Conclusão

1. Contexto da IST no Brasil

Pesquisas realizadas pelos Módulos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, apontam que cerca de 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo daquele ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos ou mais.

O termo DST, foi utilizado até 2001, quando foi substituído por IST — Infecções Sexualmente Transmissíveis seguindo recomendação da OMS com o objetivo de evidenciar que essas infecções podem ser assintomáticas.

São contabilizados mais de 20 agentes infecciosos (bactérias, parasitas, fungos, leveduras e vírus) transmitidos durante as relações sexuais sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada.

As ISTs têm alta prevalência no Brasil, e a sífilis é o caso mais alarmante, em 2019 foram notificados 152.915 casos de sífilis adquirida em todo o país, com taxa de detecção de 72,8 casos por 100 mil habitantes. A maior parte das notificações ocorreu em indivíduos entre 20 e 29 anos (36,2%). 

De acordo com especialistas, a principal razão para esse aumento está ligada ao fato de as doenças terem início silencioso e de não apresentarem sinais e sintomas por meses ou anos, além disso, colabora com esse aumento a diminuição no uso de preservativos e o baixo nível de conhecimento sobre educação sexual.

2. Principais ISTs com manifestações bucais

As infecções sexualmente transmissíveis são causadas por microrganismos e transmitidas pelos fluidos corporais nas relações sexuais desprotegidas.

Na cavidade bucal podemos observar sintomas primários e secundários das ISTs. As principais infecções com prevalência de sintomas visualizados na cavidade oral são: sífilis, gonorreia, herpes simples, HPV e VIH/SIDA.

  • Sífilis

A sífilis é uma doença sistêmica, infecciosa, causada pela bactéria anaeróbia Treponema Pallidum.

As manifestações clínicas são divididas em três fases: primária, secundária e terciária.

A sífilis primária manifesta-se, em média, três semanas após a infecção e apresenta uma lesão (cancro), que pode ser erosiva ou ulcerada, indolor com contorno elevado e endurecido. Essa manifestação tem ocorrência maior nos lábios (principalmente no lábio superior, nos homens, e no inferior, nas mulheres), mas pode aparecer em qualquer local da cavidade oral, mas dificilmente a manifestação aparece na boca.

A fase secundária ocorre entre duas a doze semanas depois da exposição inicial e é resultante da disseminação hematológica e linfática da infecção, representa o não tratamento da forma primária e, consequentemente, a multiplicação, disseminação e o desenvolvimento da sífilis secundária.

Nessa fase, as lesões mais comuns são placas mucosas cinzentas, ricas em espiroquetas, irregulares, indolores e com alta infectividade. Podem ser encontradas nos lábios, gengiva, língua, mucosa jugal, palato e amígdalas. O paciente apresenta também desconforto geral, cefaleia, febre baixa, anorexia, perda de peso e linfadenopatia

A sífilis terciária pode manifestar-se até trinta anos depois da exposição e pode haver o comprometimento do sistema nervoso central, existem duas categorias de manifestações orais, a gumma, lesão ulcerada, nodular, que pode criar profunda destruição tecidual indolor e, geralmente, aparece no palato e na língua; e a glossite luética que é a atrofia difusa e a ausência das papilas do dorso da língua.

  • Herpes

O herpes genital é uma doença sexualmente transmissível causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas mucosas genitais. Existem dois tipos de HSV: o tipo 1, que se manifesta na região da boca, nariz e olhos; e o tipo 2, que acomete principalmente a região genital.

O importante é saber que pode ocorrer a infecção cruzada do tipo 1 com o tipo 2 se houver contato da região bucal com a região genital. As lesões apresentam-se como pequenas vesículas e os sintomas, que antecedem o aparecimento das vesículas, são ardor, prurido e linfadenopatia. Depois do rompimento das vesículas, ocorre a formação de uma crosta e a cicatrização, mas o vírus permanece latente até a próxima recidiva.

  • Gonorreia

A gonorreia é uma doença infectocontagiosa transmitida por relação sexual desprotegida cujo agente é a bactéria Gram-negativa Neisseria gonorrhoeae. Raramente encontramos a ocorrência de gonorreia na cavidade bucal, porém quando está presente, é possível observarmos úlceras cobertas por uma pseudomembrana.

São estimados mais de 78 milhões de novos casos por ano. Clinicamente, a gonorreia pode ser assintomática ou até apresentar sintomatologia com alta morbidade e sua manifestação pode diferir entre os sexos.

  • VPH

O VPH (vírus do papiloma humano) possui aproximadamente 40 tipos do gênero α e é comum que a infecção aconteça na região anogenital e na cavidade bucal. As lesões mais frequentes na boca são: verruga vulgar, condiloma acuminado e papiloma escamoso oral.

A manifestação oral pode ser por autoinoculação ou pelo contato durante o sexo oral. Os locais frequentes afetados na cavidade oral são: lábios, palato, língua, gengiva, úvula, tonsilas e assoalho da boca.

  • VHI/SIDA

Cerca de 40% dos sinais e sintomas da SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida) são encontrados na região da cabeça e do pescoço, favorecendo o diagnóstico precoce, pois os pacientes soropositivos apresentam baixa imunidade e tornam-se bastante suscetíveis a diversas infecções nessa região.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma doença causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que é um retrovírus transmitido principalmente por relações sexuais sem proteção e pela via sanguínea.

Existem diversos trabalhos sobre as manifestações bucais dos pacientes VIH/SIDA, que mostraram a predominância de algumas categorias de lesões como a candidíase, nas suas diversas formas clínicas; as doenças gengivais e periodontais; a leucoplasia pilosa; o sarcoma de Kaposi e o herpes simples tipo 2.

Infográfico realizado pela Editora Napoleão

3. Prevenção, diagnóstico e tratamento

Para ajudar a minimizar os riscos, é responsabilidade do profissional de saúde oferecer orientações para as pessoas com vida sexual ativa.

Na odontologia, faz-se necessário orientar o paciente quanto à prática do sexo oral. Na boca, o poder de infectividade depende da integridade da mucosa, ou seja, observar se existem lesões, feridas abertas, úlceras ou até mesmo trauma por escovação, que é quase imperceptível, porém, uma porta de entrada para os micro-organismos.

Toda a prática sexual deve ser com preservativo, inclusive o sexo oral, pois o indivíduo entra em contato direto com secreções, ou seja, formas diretas de transmissão. Outra orientação necessária é evitar o uso de fio dental e a escovação antes da prática do sexo oral, visando a prevenir feridas e sangramentos na gengiva e, consequentemente, o aumento do risco de infectividade.

O diagnóstico deve ser precoce e o tratamento imediato, com o menor tempo de espera possível.

4. Conclusão

A identificação das infecções sexualmente transmissíveis juntamente como conhecimento das manifestações bucais dessas doenças pode auxiliar o cirurgião-dentista a realizar o diagnóstico precoce e o tratamento dos pacientes.

Particularmente, a cavidade oral não tem sido objeto de muitos estudos aprofundados sobre o seu papel na transmissão e no desenvolvimento das ISTs.

Fica clara a existência de demanda reprimida dos portadores de IST com relação ao diagnóstico das lesões na mucosa oral, assim como do tratamento e o encaminhamento para outros serviços especializados.

Podemos concluir ser fundamental que o cirurgião-dentista esteja sempre atento aos sinais apresentados na cavidade oral visando ao diagnóstico precoce, tratamento necessário e às orientações preventivas a serem implementadas.

Para se aprofundar em assuntos como este e vários outros indicamos o livro “Saúde Bucal coletiva”, são 19 capítulos que combinam o olhar clínico com a visão mais ampla e voltada para a sociedade, apresentando novas tecnologias, métodos e modelos de atenção a pequenas e grandes comunidades.

Até a próxima!

FONTE:

ALMEIDA, Mariana Bezerra, Manifestações orofaciais de pacientes convivendo com ist: percepção dos graduandos de odontologia, 2019, 48 folhas, Trabalho de conclusão de curso, odontologia, Faculdade Maria Milza, Governador mangabeira- BA, acesso em: 11/05/22 disponível: http://famamportal.com.br:8082/jspui/bitstream/123456789/1646/1/TCC%202%20MARIANA.pdf

LIMA, Bruna Tatibana, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e suas manifestações em boca, 2020, 78 folhas, Trabalho de conclusão de curso, Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba – SP, acesso em: 11/05/22, disponível: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/213683/lima_bt_tcc_foa.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Carvalho AB¹, Ferreira RB², Principais manifestações das doenças sexualmente transmissíveis acometidas na cavidade oral, 9 folhas, Trabalho de conclusão de curso, odontologia, Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – UNICEPLAC, Gama – Brasília – DF, Acesso em: 11/05/22, disponível: https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/217/1/Alan_Brito_0003110.pdf

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