A ultrassonografia (US) é uma técnica não invasiva de obtenção de imagens que utiliza
ondas sonoras de alta frequência para produzir imagens de órgãos e tecidos, quando
falamos da área da saúde. Nesta área podemos citar seu uso em diversas especialidades tais
como, ginecologia, obstetrícia, cardiologia, gastroenterologia, urologia e ortopedia. As
imagens em tempo real podem ser úteis para muitos procedimentos, como por exemplo,
para orientação em biópsias, para diagnosticar uma variedade de condições cardíacas. O
aparelho conta com a função Doppler e as imagens nesta função são recomendadas para
avaliação de:
• avaliação do fluxo sanguíneo (pesquisa de obstrução de vasos sanguíneos);
• tumores e malformações linfáticas congênitas;
• redução ou ausência do fluxo sanguíneo em determinados órgãos, tais como os
testículos ou o ovário;
• aumento do fluxo sanguíneo (podendo ser caracterizado como um sinal de infecção).
O ultrassom (US) é um dispositivo frequentemente utilizado em ambientes hospitalares; porém, no campo da estética, ainda não é comumente utilizado rotineiramente. De forma limitada, muitos profissionais da estética usam a US como ferramenta adjuvante durante procedimentos minimamente invasivos e as expectativas dos pacientes foram aumentadas. A ultrassonografia pode permitir que os clínicos usem menor quantidades de toxina botulínica para alcançar resultados ideais, visando precisamente o músculo exato. Além disso, a US permite encontrar a camada precisa durante as injeções de preenchimento e procedimentos de lifting com fios para minimizar várias complicações. Recentemente chega ao Brasil um livro que marca uma nova vertente no uso da US, o estudo anatômico da face.
Os estudos anatômicos clássicos sempre tiveram como base os esquemas e ilustrações bidimensionais para retratar estruturas tridimensionais. Hoje, com as imagens por US conseguimos entender as camadas faciais e suas relações com as estruturas e vasos sanguíneos. Mas é fato que o estudo anatômico prévio e detalhado e o conhecimento de muitas variações anatômicas é fundamental para análise e interpretação da imagens ultrassonográficas.
As imagens são obtidas por uma sonda ou transdutor que emitem ondas sonoras de alta frequência e captam respostas em forma de eco, gerando imagens digitais em diferentes tons de cinza. Existem aparelhos maiores para uso hospitalar e existem outros portáteis e ultrapotáteis. Estes últimos são os mais indicados para o dia a dia dos profissionais de saúde estética e podem ser considerados equipamentos de mão, “handheld”. Um exemplo é o VINNO Q da scmedical (fig. 1), prático e ultraportátil com processamento de dados em tempo real, oferece imagens de alta qualidade e tem frequência regulável de 6-16 MHZ.
Quando os tecidos sondados produzem imagens semelhantes às estruturas circundantes, eles são chamados de isoecoicos. Quando nenhum eco é refletido do tecido, são imagens escuras chamadas anecoicas. Vasos e materiais de preenchimento são mostrados como imagens anecoicas. As imagens hipoecoicas são ecos fracos demonstrados em cor cinza escuro como nos músculos e nas cartilagens. Ao contrário, as estruturas hiperecoicas são ecos fortes que aparecem em branco, como ligamentos, fáscias e a superfície do osso. Abaixo, na fig. 2, uma representação dos padrões de imagens citados.
Para adquirir a imagem que reflita apropriadamente resolução e penetração, é necessário um transdutor com frequência adequada que reflita em resolução e penetração adequadas. Quando a frequência de onda de US é alta, a profundidade de penetração é menor. Por outro lado, quando a frequência é baixa, a profundidade de penetração é maior. O transdutor linear de 10–15 MHz penetra 2–5 cm, o que geralmente é recomendado na área facial. Frequências de onda acima de 22 MHz são geralmente usadas para diagnóstico de pele. Entenda a correlação entre frequência, penetração e resolução na fig. 3.
As imagens US na região da face e do pescoço são eficazes não só para detectar as estruturas anatômicas, mas também para orientar procedimentos estéticos minimamente invasivos, como injeção de toxina botulínica, injeção de preenchedor e lifting com fios. OUS também é de muita utilidade no mapeamento de substâncias utilizadas anteriormente na face do paciente, como materiais definitivos que merecem um cuidado durante os novos procedimentos. O US em tempo real permite que o profissional rastreie a ponta da agulha e a guie para injetar com precisão em locais ideais. Um exemplo de injeção guiada é em caso de intercorrência com material preenchedor, a remoção com precisão é de suma importância para uma resolução mais assertiva e rápida.
Em um futuro breve todos os profissionais clínicos de saúde estética terão em sua clínica ou em seus consultórios um aparelho de US para uso de rotina.
Artigo escrito por: Dr. Angelo Ferrari.
Baseado no livro: Anatomia Ultrassonográfica da Face e Pescoço para Procedimentos Minimamente Invasivos.