Por se tratar de uma disfunção onde o tratamento é multiprofissional é comum que apareçam dúvidas sobre qual o momento de intervenção odontológica na DTM.
Muitas vezes a disfunção temporomandibular (DTM) está associada a questões psicológicas como: ansiedade, depressão, estresse. Além de ter interferência de fatores externos como, por exemplo, sono.
Apesar de não existir cura para a disfunção, há vários métodos de tratamento para diminuir os sintomas. Para identificar o melhor tratamento para o paciente com DTM é necessária uma série de avaliações que vão ser descritas neste artigo.
Boa leitura!
Disfunções temporomandibulares (DTM) é um termo coletivo que engloba vários problemas que envolvem: os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas.
Geralmente a DTM tem causas multifatoriais, raramente apenas um fator leva a essa disfunção. Em alguns casos ela está relacionada a problemas de artrite e artrose na ATM ou complicações no músculo mastigatório. Existem quadros onde está ligada aos dois problemas.
Essa condição é muito comum em jovens adultos e pessoas de meia-idade, sendo duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Estudos mostram que a DTM tem prevalência de 4,6% da população.
O sexo feminino é o mais afetado e o maior prevalecimento de dor foi relacionado com a presença de problemas durante o sono, uso contínuo de medicações para tratamento de doenças crônicas, baixa qualidade de vida, ansiedade e depressão.
Existem uma série de hábitos e comportamentos que podem influenciar no desenvolvimento da DTM. O clínico deve pesquisar com o paciente possíveis problemas que podem estar ajudando no desenvolvimento da disfunção.
Aqui estão listados alguns hábitos que são importantes avaliar na hora de entender a DTM:
O sono é um dos momentos mais importantes durante nossa rotina. É durante esse intervalo que o corpo fortalece o sistema imunológico, entre outras funções muito importantes para o funcionamento do organismo.
Quando o sono é de qualidade ruim pode contribuir para a DTM apresentada, e pode estar associada ao bruxismo. Sendo assim, fica claro que é necessário investigar no paciente com DTM seus hábitos do sono, podendo orientá-lo a melhorar a sua qualidade.
Os problemas comportamentais podem manter a DTM no paciente, influenciando na sua progressão. Desse modo, é necessário realizar algumas perguntas para entender se há necessidade de tratamento com outros profissionais como psicólogo, neurologista ou psiquiatra.
Saber se o paciente pratica exercícios físicos e quais são, se as atividades sociais e boa alimentação fazem parte da rotina, se é fumante e consome bebidas alcoólicas frequentemente, além disso, é importante saber se o paciente faz alguma terapia relaxamento. Todas essas questões devem ser avaliadas na hora de dar o diagnóstico e tratamento.
Hábitos pessoais como: apertar os dentes quando está acordado, roer unhas, morder objetos duros ou mascar chiclete, todos esses fatores podem ser prejudiciais ao funcionamento do sistema mastigatório e podem iniciar a DTM.
É necessário verificar todo histórico de comportamento. Após essa fase, o histórico clínico pode mostrar os antecedentes odontológicos do paciente, podendo ajudar de forma fundamental no diagnóstico.
Muitas disfunções temporomandibulares (DTM) crônicas têm a dor como sintoma e queixa principal. Na hora de procurar o tratamento, essa é a questão central que leva o paciente ao consultório.
É possível identificar dores de cabeça ao acordar, não conseguir abrir a boca completamente, estalo ao abrir a boca, desvio da mandíbula, seguidos de manifestações otológicas como zumbido.
Além disso, muitas vezes os sintomas são acompanhados de problemas sistêmicos como: ansiedade, depressão, problemas neurológicos e dores generalizadas no pescoço e ombros.
Apesar da grande porcentagem da população que apresenta sinais e sintomas de DTM, cerca de 10% da população pensa que seus problemas são graves o suficiente para exigir tratamento.
O Conselho Federal de Odontologia reconheceu a especialidade de dor orofacial e DTM somente em 2002, explicando as dúvidas e equívocos de muitos cirurgiões-dentistas com relação aos diagnósticos e tratamentos possíveis e eficazes para realizar o tratamento.
O tratamento das DTMs e das dores orofaciais, na maioria das vezes, pede uma abordagem multidisciplinar e o tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias, buscando abordagem mais abrangente e mais duradoura para o gerenciamento desta disfunção.
Devido ao fato da DTM raramente aparece como queixa isolada, comum a coexistência com condições como fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, cefaléias e estresse pós-trauma o dentista costuma ser o último profissional de saúde a ser procurado na tentativa de solucionar o problema.
O motivo do encaminhamento para um tratamento especializado para DTM é pela complexidade de diagnóstico e ausência de possibilidades ou técnicas para a realização do tratamento requerido.
Sendo importante ressaltar que, apenas a presença de sinais e sintomas isolados de DTM podem não representar a doença em desenvolvimento. Somente um profissional específico pode realizar o diagnóstico completo.
O objetivo das terapias dos pacientes com disfunção temporomandibular é oferecer o tratamento que busque amenizar ou acabar com os efeitos das disfunções, ou seja, reduzir a dor, restaurar as funções e possibilitar ao paciente a retomada das suas atividades normais.
Na odontologia, após realizar o diagnóstico, é comum optar pelo tratamento conservador ou pelo invasivo e, dependendo de cada caso, a multidisciplinaridade com encaminhamento para outras áreas de saúde.
É importante esgotar primeiramente toda terapia clínica, quando ela puder ser indicada. Entre elas existem: a terapia farmacológica com analgésicos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, a fisioterapia, a crioterapia, a acupuntura, o agulhamento a seco, entre outros.
Se o resultado terapêutico conservador for desfavorável, podem-se empregar tratamentos invasivos de menor complexidade, como manipulação mandibular assistida com aumento de pressão hidrostática, artrocentese, evoluindo para os de maior complexidade como artroscopia, ancoragem do disco, entre outros.
É importante ressaltar que uma boa anamnese ajuda a selecionar cada caso para a técnica mais adequada.
A DTM afeta boa parte da população brasileira, apesar de grande parte já ter apresentado sintomas das disfunções muitos consideram desnecessários procurar o diagnóstico e tratamento com o profissional correto.
Atualmente evidências científicas demonstram que a DTM apresenta uma etiologia multifatorial, ou seja, envolve condições sistêmicas, estruturais, emocionais e comportamentais complexas.
Sendo assim o tratamento é multidisciplinar, porém apenas um profissional especializado em disfunção temporomandibular pode realizar o diagnóstico, tratamento final, e encaminhamento para outros profissionais darem continuidade.
Para se aprofundar no assunto, recomendamos o livro “Disfunção Temporomandibular, na Prática, Diagnósticos e Terapias”. Os capítulos são apresentados em ordem didática para conduzir o leitor ao manejo das disfunções temporomandibulares, principalmente voltadas às atividades clínicas.
Até a próxima!
